A última
semana de Dilma: agenda cheia e clima de derrota
A
sete dias da votação que deve confirmar seu afastamento do Planalto, presidente
turbina participação em eventos. Mas só para 'deixar nome na placa'
Por: Felipe Frazão, de Brasília
A presidente Dilma Rousseff participa da cerimônia de chegada e
acendimento da tocha olímpica na rampa do Palácio do Planalto, em Brasília -
03/05/2016(Andressa Anholete/AFP)
"Vamos dar um
jeito de inaugurar logo aquele prédio e colocar o nome na placa. Não vamos
deixar nada para o Temer"
A uma semana da votação em plenário no Senado que deve confirmar seu
afastamento da Presidência da República, Dilma Rousseff turbinou a agenda de
compromissos oficiais - mas o clima de derrota é indisfarçável nos corredores
do Planalto. Aliados da petista já admitem "resignação" diante de
outro iminente fracasso no Congresso. Oficialmente, contudo, o discurso segue
firme na já combalida versão de 'golpe' contra o governo Dilma.
Interlocutores da presidente também reconhecem, nos bastidores, que a
proposta de antecipar as eleições presidenciais por meio de uma Proposta de
Emenda Constitucional - uma afronta à Constituição - serve apenas como
"recurso retórico" para tentar desgastar a imagem do vice-presidente
Michel Temer (PMDB).
Um aliado de Dilma com trânsito no Congresso disse a proposta não tem
cabimento jurídico: "É uma maluquice". A tese sequer une os
parlamentares do PT e encontra resistência em movimentos sociais de apoio ao
governo. Dilma parece tê-la abandonado de vez: ela rejeitou nesta terça-feira renunciar
e disse que a "vítima não desaparecerá".
Enquanto em alguns gabinetes funcionários comissionados já começaram a
preparar as caixas, conforme relata reportagem de VEJA desta semana, os
ministros de Dilma preparam discursos no estilo fim de mandato e tentam
entregar tudo o que for possível enquanto permanecem no cargo.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias (PT), serve como
exemplo: anunciou numa só cerimônia uma série de ações ligadas ao Plano Safra
da Agricultura Familiar e falou por quase 50 minutos nesta terça, inclusive
sobre políticas implantadas desde o primeiro governo do ex-presidente Lula.
Também é sintomático o breve diálogo testemunhado pelo site de VEJA
entre o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), e a ex-ministra Eleonora
Menicucci, rebaixada para a Secretaria Especial da Políticas para Mulheres com
a última reforma ministerial. Eles se cumprimentaram e ela logo sugeriu
agendarem uma data para inaugurar um edifício ligado à pasta no Estado - estava
em construção em São Luís (MA) uma Casa da Mulher Brasileira. "Vamos dar
um jeito de inaugurar logo aquele prédio e colocar o nome na placa. Não vamos
deixar nada para o Temer".
O ministro da Justiça, Eugênio Aragão, disse que os senadores
desconsideram a argumentação jurídica de mérito e as ponderações da defesa. E
capricha no discurso de vitimização. "Para quem está de fora, parece um
jogo de cartas marcadas. O resultado para eles está na mesa, o vice-presidente
está montando um gabinete definitivo, falando de políticas e de rever medidas
provisórias", disse. "Tanto faz passar o rolo compressor do voto vil
e ilegítimo no Congresso, quanto passar o coturno em cima do governo. É
violência do mesmo jeito. O coturno é tão violento quanto a Constituição
rasgada pelas instituições". O argumento ignora que o impeachment é um
instrumento previsto na Carta Magna do país.
Para Aragão, Temer lida com "avidez excessiva" com a chegada
do momento de assumir o governo interinamente e deveria ter mais
"humildade". "Ele não está ungido pelo voto popular e quem está
não foi ainda destituído. Ele deveria pelo menos manter os eixos do governo.
Ele está lá de visitante, esquentando uma cadeira, não mais do que isso",
disse, em referência ao julgamento da presidente, previsto para setembro. Ao contrário
da votação da próxima quarta-feira, ainda não há votos suficientes para o
impedimento da presidente no Senado.
Dilma participou de três cerimônias públicas nesta terça-feira e
terminou o dia cansada e visivelmente abatida. Duas delas eram relacionadas aos
Jogos Olímpicos Rio-2016, e Dilma abordou de maneira superficial temas
políticos no discurso, sempre com semblante sisudo. Ela voltou a dizer que se
sente "injustiçada" e uma "vítima".
No meio do dia, porém, o salão principal do Palácio do Planalto foi
tomado por dezenas de aliados da presidente, servidores e trabalhadores. Houve
gritos de apoio e a repetição do mantra "contra o golpe" - mas eles
foram menos contundentes do que nas semanas antes da aprovação do impeachment
na Câmara, quando Dilma fez da Presidência um bunker para comícios políticos.
Até a próxima semana, Dilma ainda estuda fazer algumas viagens pelo
país. Na quinta-feira, a pauta é a Usina de Belo Monte, no Pará. Ela pode ir ao
Nordeste na sexta, para uma agenda relacionada à transposição do Rio São
Francisco, e a Goiânia, na próxima segunda-feira, para inaugurar obras no
aeroporto local.
Janot pede
abertura de inquérito contra Dilma, Lula e Cardozo
Procurador-geral da República envia pedido de
autorização ao STF para investigar se presidente, ex-presidente e
advogado-geral da União tentaram obstruir a Lava Jato
Janot pede ao STF autorização para
investigar Dilma(Ueslei Marcelino/Reuters)
O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a abertura de um inquérito
no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a presidente Dilma Rousseff, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o advogado-geral da União José
Eduardo Cardozo.
Conforme antecipou a coluna Radar On-line, o inquérito busca investigar a
nomeação de Lula para a Casa Civil e de Marcelo Navarro Ribeiro Dantas para o
Superior Tribunal de Justiça (STJ), em uma tentativa de obstruir a Operação
Lava Jato. O pedido de Janot tem como base a delação do senador Delcídio do
Amaral (sem partido-MS). Nos depoimentos, Delcídio afirmou que a presidente
tentou aparelhar o STJ nomeando Ribeiro Dantas para livrar da cadeia
empreiteiros investigados no petrolão.
Para que a presidente seja formalmente alvo de uma investigação, o
inquérito precisa ser autorizado pelo ministro Teori Zavascki, relator dos
processos da Lava Jato no STF. Não há um prazo para que isso ocorra, e o
ministro tanto pode tomar essa decisão sozinho, de forma monocrática, como
levar o caso para a discussão no plenário.
Em parecer enviado ao Supremo, Janot diz que a decisão de Dilma de transformar
Lula em ministro teve a intenção de "tumultuar" o andamento das
investigações ao tentar retirar o caso do ex-presidente das mãos do juiz Sergio
Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância. Em outra ocasião, o
procurador-geral já havia apontado "desvio de finalidade" na indicação de Lula
para a Casa Civil.
(Com
Estadão Conteúdo e Agência Brasil)
Cunha veta
viagem oficial de deputado que pediu seu afastamento
Por: Severino Motta
Jordy: nada de viagem
Um dos primeiros deputados a pedir o afastamento de Eduardo Cunha,
Arnaldo Jordy (PPS-PA) foi impedido de participar do Grupo Parlamentar
Brasil-Líbano, que acontece nesta semana em Beirute.
Apesar de ser ter participado de diversas edições anteriores do evento,
ele recebeu em seu gabinete um informe da Câmara dizendo que sua viagem não
estava autorizada.
Para o evento foram enviados somente deputados aliados de Cunha.
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